26 novembro 2007

Na nha primero hora di bai...



E assim chegou a minha primeira "hora di bai", um sentimento bilingue assalta-me, engulo em seco e o meu coração aperta-me. Evito chorar aqui e agora. Quando penso neste ano que passou, uma película de imagens e vivências corre-me na mente a mil à hora. O ser humano é capaz de aguentar muito mais do que aquilo que julga de si próprio. E quando penso nos 10 meses e 17 dias que passei longe de casa, não consigo acreditar e parece que tudo que tive e vivi foi um sonho. Começo, por isso, a delinear estratégias para controlar esta ansiedade que me consome e não me deixa dormir. Confesso que tenho vontade de dormir estes dias até chegar a hora de ir, mas isso seria o fácil e não passaria eu por mais este processo de crescimento.

Este foi um ano em que cresci como nunca, em que tive mesmo a consciência de um crescimento. Durante a nossa vida crescemos naturalmente, sem nos darmos conta disso. Ano após ano estamos diferentes, "mais grandes", mais maduros, mas nunca o sentimos claramente e assinalado no calendário. Pela primeira vez, tenho esse discernimento claro e preciso - consigo apontar as datas em que me tornei maior, adulta e quando muitas vezes deixei cair o meu véu cor-de-rosa, que me cobre os olhos e me guarda a vida.

Vim para um outro país, um outro continente. Língua, cultura, gentes, danças, música, relações, paisagens, histórias e estórias diferentes. Pela primeira vez só, livremente e convictamente só. Pela primeira vez saber em concreto e na pele o que é a saudade. Longe da minha família, dos meus amigos, do meu espaço, do meu berço e das minhas raízes, de tudo o que formou a mulher que sou hoje. O meu primeiro emprego, a minha primeira casa e o meu primeiro amor... Tudo em apenas 10 meses e 17 dias.

E agora aproxima-se mais uma experiência forte, dessas do crescimento. O regresso. Voltar a casa, a ver os meus, tudo que foi sempre meu e será sempre mesmo que eu esteja fora durante anos. No regresso tudo que é meu vai estar diferente e eu tenho que aceitar isso, porque a vida é mesmo assim, é transformação, é mudança, é andar para a frente. Afinal eu também mudei e tudo que é meu vou vê-lo com o olhar transformado, com a alma de quem andou por mundos diferentes e plantou lá também algumas raízes.

5 comentários:

Pedro Moita disse...

Os caminhos que temos à nossa frente para alcançarmos um fim...um objectivo...uma meta, são sempre variados e alguns bastante sinuosos.
O importante, nessa travessia que é o crescimento, não é alcançares um "FIM" mas sim vê-la como um meio de percorres paixões, desilusões...raivas e alegrias...e tudo o mais que serve para jutificar a tua existência.

Boas Férias junto da tua familia.

P.S. É tão bom voltar a sentir o cheiro da nossa terra, não é?

Anónimo disse...

Mi hai fatto scendere una lacrimuccia Catarina. Ti abbraccio. Giulio

Anónimo disse...

Mi hai fatto scendere una lacrimuccia Catarina. Ti abbraccio. Giulio

Margarida disse...

Boa viagem amiga, aproveita todos os momentos, porque serão únicos.
Nós cá te esperamos para mais uns meses de mudanças, emoções e crescimento!

Viver só faz sentido se fôr intensamente!

Beijinhos grandes da "mammy" adoptiva.

Anónimo disse...

Querida! Emocionei-me ao ler-te... porque, acredita... descreveste o meu primeiro regresso e as minhas primeiras vivências nesta ilhinha.... tão pequenina e tão forte ao mesmo tempo. Passar por todas essas emoções, boas e más, mas fortes longe dos que mais gostamos e de quem mais gosta de nós é devastador, não é? Cresce-se... e, segundo dizem... crescer faz bem, será?

O Pinheiro? Quando voltas? Um beijinho enorme... e neste teu regresso, quero estar mais presente.... se premitires.

Kata