28 novembro 2008

Descobri um novo mestre

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...

Onde você ainda se reconhece
na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
eram o melhor que havia em você?

Quantas canções que você não cantava
hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
hoje acredita que amam você?

Lista, por Oswaldo Montenegro

Passaporte & Opiniões




Quero aqui dizer que eu tenho todo o direito de emitir as minhas opiniões sobre Cabo Verde, porque é cá que vivo, pago os meus impostos e faço parte da força produtiva do país. E vice-versa. Reconheço todo o direito do cabo-verdiano (ou outra nacionalidade qualquer) de dizer de sua justiça sobre/no meu (também dele) país, para o qual, neste momento, contribui mais do que eu.

Por que é que é preciso um passaporte para emitir opiniões?

Raça & Competência


Escher (@ educ.fc.ul.pt)


Porquê o espanto se um asiático ganhar uma eleição na Etiópia? Ou um europeu no Equador? Ou um latino na França? Ou um africano nos EUA? Por que é que a raça é pré-requisito de competência?

Espantem-se! O presidente dos Estados Unidos é afro-americano. Ou africano. Ou americano. Não sei. Isso interessa, mesmo?

Alvíssaras! A América elegeu um timoneiro negro e incomoda-me tanto alarido. É que não me queria espantar, não queria ver este espanto global. Gostava que a primeira característica, que os jornais dão à estampa depois da sua eleição, fosse outra coisa que não a sua raça. Se McCain tivesse vencido, ler-se-ia pela imprensa mundial “Branco ganha eleições norte-americanas”? Não, pois não?

Só no dia em que a raça for indiferente à eleição de uma PESSOA para determinada função é que viveremos realmente em equidade. Quando ser preto, branco, azul ou amarelo deixar de ser um carimbo e um pró ou contra de qualquer avaliação.

É que isso irrita-me, chateou-me este tempo todo em que o mundo andou em histeria global. Como se a raça de uma PESSOA fosse determinante para a qualidade do desempenho do seu trabalho. É, faz-me espécie!


Não seria boa ideia destruirmos esta Babel mental que está dentro de todos nós?

24 novembro 2008

A ti.


(Autor cujo nome não consegui saber @ Galeria de Artes Visuais Latino-América)

A ti.

Adoro a tua maturidade e o nosso olhar cúmplice
Adoro a tua diplomacia e como acreditas no teu sonho
Adoro a tua atitude decidida e confiante
Adoro dançar contigo
Adoro que gostes tanto de mim

Gosto de recordar a nossa história comum
Gosto da tua sede de saber
Gosto das tuas criancices e de como me fazes rir
Gosto da tua cortesia e cavalheirismo
Gosto do teu sorriso e do exemplo que és para mim

Admiro o teu optimismo e como me ensinaste a relativizar os problemas da vida
Admiro a tua inocência e a tua vontade de me protegeres dos males do mundo
Admiro a tua disponibilidade e como cuidas de mim quando estou triste
Admiro o teu auto-sacrifício e como fazes das dores dos outros, as tuas…


Adoro-te, gosto de ti e, sobretudo, admiro-te muito.
Sou abençoada por te ter.

Parabéns, papi.


Por tudo o que foste, és e serás sempre para mim. Adoro-te.

Hoje, se pudesse, iria fazer-te um bolo de chocolate. Nem que fosse daqueles que nem uma Black'n Deker pode perfurar. Mas era com amor!

Semba & Funáná

Só mesmo tu, Pedro, para fazeres com que uma noite qualquer de sábado à noite – em que faltam as energias até para levantar mais um copo de paródia – numa ocasião memorável. Fiz o meu melhor para alinhar contigo as passadas do semba e do funáná e agora dói-me todos os ossinhos e músculos do corpo. Porra! Só tu para me fazeres dançar descalça, depois dos meus chinelos que levei a uma festa chique rebentarem. Só tu para me encheres de areia na Prainha às 7 da matina e ainda me levares outra vez ao Tabanka para a ‘saideira’. Enfim, Pedro, só tu mesmo… Porra!

Santiago

Dia 20 de Novembro. Parabéns Ana e Tide. Uma nova estrelinha nasceu na nossa constelação;)

15-22/11

Foi uma semana fantástica para espíritos sedentos de cultura desta nossa urbe. Variedade e qualidade viram-se e agradecem-se.

Yo no me lo creo
O flamenco sempre mexeu comigo, impressiona-me a paixão que se canta. Impressiona-me as mulheres que atiram apupos “Olé” e “Vale”, enquanto a protagonista de histórias de amor e de morte canta chorando ou chora cantando, não se bem distinguir. Impressiona-me a ausência do ‘cajon’ (elemento, pensava eu, imprescindível num concerto de flamenco) ser substituído pela “precursão corporal” que incute o ritmo de cada música. Impressiona-me, sobretudo, fechar os olhos e sentir aquela voz a entrar em mim, na corrente do meu sangue, e correr todo o meu corpo num arrepio.

14.11 O flamenco mostrou-se à Cidade da Praia com uma actuação singular de Marina Herédia, acompanhada apenas por uma guitarra e duas vozes femininas. Pena só se terem soltado em danças e largado os microfones no final do espectáculo.


Marina Herédia ( @ El diário montanês)

Navegante na minha meninice

“Oh Maria Faia, oh Faia Maria” foi uma das canções de meninice que me trouxe aquela lagrimazinha e uma gargalhada abafada quando recordei da minha irmã, ainda pequenina, com uns 4 anos, quando os caracóis lhe caiam para os olhos, a dizer que as pessoas do coro do Hospital eram maus porque chamavam a Maria de feia… Lembrei-me dos passeios de domingo à tarde ao São Bentinho, ao Sameiro e à Penha com os meus avós e a minha tia Paulinha, em que cantávamos as mesmas canções que ouvi neste concerto. Foi bom, foi nostálgico, foi reconfortante.

15.11 Num fim-de-semana muito ibérico (sexta-feira, flamenco e sábado, música tradicional portuguesa), os Navegante protagonizaram um espectáculo a saber a terra, ao conforto da minha casa, às saudades de Guimarães. E algo inusitado aconteceu, algo que jamais vi na Cidade da Praia: um concerto que começou a horas. Marcado para as 21h30, espantos dos espantos, os primeiros acordes ouviram-se mesmo às 21 horas e trinta minutos…


José Barros (vocalista dos Navegante @ Attakom)

Manu Preto e Béti a solo

Era a vez da dança. Manu Preto, veterano nas andanças de Dom Quixote, e Béti, que se estreou no seu “Caminho” na Praia, deram-me mais uma vez aquela sensação de “esmagamento” que ambos, juntamente com a companhia Raiz di Polon, sempre me habituou. Habituar, não, que nunca me habituei, porque é uma sensação frequente que nunca acomodei.

17.11 O Centro Cultural Português organizou uma semana de espectáculos por ocasião do Fórum sobre Economia da Cultura. Dois conceitos geralmente pouco associados, mas que pode ser um dos motores de desenvolvimento deste país. Para o desenvolvimento económico e cultural. Mas nisto há riscos, muitos riscos, como em quase tudo quando o pensamento economicista mete o bedelho.

As Máscaras do amor

E agora Teatro. O cenário fez-me lembrar (mesmo que não tenha nada a ver, porque isto de associações mnemónicas pode trapacear qualquer um) o “Sonho de uma noite de Verão”, de Shakespeare, com os baloiços gigantes e a varandinha de hera. O texto, com umas tiradas brilhantes em crioulo, era envolvente. A dialéctica sobre o amor carnal de Arlequim e o amor espiritual do Pierrot, entre o concreto e o sonho, entre duas realidades que, por muito que se queira, nunca se intercepcionam. Ter aquele conforto de ver num texto escrito por outra pessoa (Menotti Del Picchiacomo, em 1920) reflectido o que pensamos, sem que alguma vez tenhamos encontrado as palavras para o descrever.

Encantou-me o amor de Pierrot, nos dias de hoje tão raro, diria mesmo, impossível… Porque é sempre vencido pelo amor de Arlequim, mais rápido, mais intenso e também, por isso, mais vazio.

19.11 A peça Máscaras estreia na Cidade da Praia, na primeira colaboração entre um grupo de teatro do Mindelo e a companhia Raiz di Polon, da Praia. Disseram-me isto como se me tivessem a contar que tinham descoberto a cura para a SIDA e não percebi porquê. “Dah, Catarina, é a primeira vez que um grupo de teatro do Mindelo e um grupo da Praia se juntam”. Caiu-me a ficha, mas não consegui deixar de achar esse facto uma trivialidade perto das outras características únicasda peça. Enfim, valeu a pena. E assim caiu o pano sobre a minha (e de muito mais gente) semana cultural na Praia.

Jay no Momento Certo

Tinha visto o cartaz dele pelas ruas e pensei: “Este gajo tem mesmo cara de boa pessoa”. Depois o Nató disse-me que ele era aquele era o rapaz que cantava a música que me tinha mostrado há uns dias, à qual respondi, “é mesmo bom onda!”. Vai daí, comecei a perceber que esse Jay andava a fazer muito sucesso pela nossa urbe e achei que era boa ideia fazer-lhe uma entrevista para os retratos d’A Semana. E pronto, na quinta-feira, 20, durante o ‘check sound’, fui entrevistá-lo.

Dei-me com o mesmo sorriso da foto, um rapaz simpático com ar de miúdo apesar dos seus 30 anos. Um miúdo sem a noção do sucesso que tem, que não sabe que se estivermos dez minutos numa rua do Plateau à espera de uma boleia, ouve-se pelo menos três vezes as músicas dele a sair dos carros que passam, muito menos imaginava o que o esperava nos três dias que se seguiram à entrevista. Foi recebido de uma forma como eu nunca vi por estas bandas. Teceram-lhe rasgados elogios, aos quais reagiu sempre com uma humildade confiante, e emocionou-se quando viu um dos seus anseios a concretizar-se. A emoção dele tocou a minha, porque não é todos os dias que uma pessoa vê sonhos a tornarem-se realidade. Quando o encontrei na praia, na tarde de sábado, falou-me dos seus outros sonhos, que, sinceramente, espero que se concretizem. Depois de conversar comigo, foi dar uns saltos com os miúdos da praia e ensinar-lhes uns movimentos de capoeira. Era um deles, também.

20.11 Assisti ao concerto do Jay, na quinta-feira, no Cockpit. Actuou também na Assomada, na sexta, e no Gimno-desportivo no sábado. Tive pena de não ter ido, porque, como ele disse, “se as pessoas já foram a um concerto meu, não quero que deixem de ir a outro só porque já me viram uma vez. Quero ser a garantia que quando alguém vai ao meu concerto, o pessoal vai passar 'sabi' e não que vai ver a repetição de alguma coisa”.



Jay (@ cartaz espalhado pelas ruas, não sei quem é o autor da foto)

Nota: Houve outros espectáculos, nomeadamente o de quinta-feira, 20, que juntou Ricardo Deus, Kisó, Raul, Ângelo e Djinho no CCP, que, com muita pena minha, perdi devido às minhas obrigações “senzalares”. Sábado, o novo Banco de Investimentos, que anda a fazer furor com as suas iniciativas megalómanas (mas que não deixam de ser bem-vindas, que o digam as discotecas e hotéis da capital…) organizou um concerto de beneficência – com Yola Semedo, Tito Paris, Paulo Flores, Sandra Horta – ao qual também faltei por me faltar energias.

04 novembro 2008

Inquietação do dia

Há algo que hoje (04.11.08) desvie a atenção do mundo das eleições nos EUA?