09 junho 2011

Manifesto anti-anti-amor

Sabem uma coisa? Não gosto que a uma pessoa apaixonada lhe digam que aquela efervescência é sol de pouca dura, que ninguém escapa ao 'seven year (or month?) itch' e que o amor - qual destino fatal! - acaba...

Esses velhos do Restelo, por muita coisa que tenham visto com o passar do tempo, deviam era estar caladinhos e guardar as pedras do caminho para eles. É que em vez de andarem a desperdiçá-las a assombrar a vida dos outros, podem juntá-las e construir um castelo (tal como Pessoa profetizou), onde possam ser felizes.

Porque por muito que eu adore o Oswaldo Montenegro, não gosto de o ouvir cantar que "todo o grande amor só é bem grande se for triste", porque não! Não tem que ser assim! Posso estar imbuída de um espírito algo inflamado, mas realmente faz-me mossa que quando alguém finalmente tem aquilo que quer, por causa destes agourentos, tenha medo de o perder!

28 março 2011

A crise e o futebol de domingo à tarde

Sendo que o futebol vive da febre dos adeptos, o desfasamento dos horários da bola em relação àquilo que os adeptos querem é, no mínimo, injusto.

Prova disso foi a minha tarde de ontem. Fomos os cinco A1 abaixo, numa viagem interrompida pelo desvio até uma terrinha perto da Mealhada para o leitão (pelos vistos, é dado adquirido que as iguarias que caracterizam uma cidade são sempre melhores na periferia). E de repente, algures por Águeda, parecia que estavamos em Guimarães porque a fila que se formava à espera de mesa era feita só de rostos vimaranenses.

Rumo a Coimbra, cafés, roulotes de cachorros e bombas de gasolina borbulhavam de adeptos vitorianos. Depois de pouco mais de 90 minutos de sofrer a bom sofrer, o Vitória voltou a Guimarães com o almejado passaporte para o Jamor. A festa foi "tremendamente indiscritível".

Pelas 21h30, numa estação de serviço a norte os porta-bagagens serviam de mesa de piquenique e o parque de estacionamento estava transformado em recinto de festa. O convívio saudável, feliz, haveria de continuar no berço, onde mais de 4000 adeptos receberam a equipa.

Ontem não foi só o Vitória que ficou a ganhar. O comércio local conimbricense e as cidades circundantes fizeram um dia de greve à crise. O futebol de domingo à tarde não serve só para a alegria dos adeptos, serve também de balão de oxigénio para as economias locais.

07 março 2011

Se não és um animal, estás lixado.

Nesta luta por um lugar ao sol do trabalho (ao sol, não à sombra) tens que ser um verdadeiro animal. Só o instinto de sobrevivência apuradíssimo na comunicação, nos gestos estudados, nas roupas cool, na linguagem apelativa e cheia de soud bites é que faz com que te entre algum no final do mês.

O reconhecimento, esse, acontece-te quando te tornas um "diamante" que, de tanto brilho - qual fogo de artifício! - ofuscas os "demais". Mas já pensaste o que a vida reserva aos "demais" (se calhar até és um deles!)?

E se não fores este animal? E se não tiveres o instinto? E se só queres para ti uma vida segura, sem grandes mossas e empreendimentos? É que, sabes, nem toda a gente tem as características para ser um Steve Jobbs, nem que seja o Steve Jobbs lá da terrinha, e isso não os torna menos competentes.

Por que é que o "diamante" tem direito à vida exótica que almeja e os "demais" são olhados de lado por quererem uma vida simples? Tratam-se de escolhas e há quem só queira a vida de casa-trabalho-trabalho-casa, jogos de futebol com os filhos ao sábado de manhã e passeios aos domingos à tarde. E é verdade que têm direito a isso.

Só que hoje em dia não és ninguém se não tiveres feito Erasmus numa qualquer capital europeia, tirado mestrado em Londres ou em Roma e passado seis meses a viajar pelos países asiáticos. Tens que ser cosmopolita, falar como se entendesses de tudo, ter uma opinião sobre a vida e o mundo na ponta da língua.

E não te espera grande futuro se não tiveres a hipocrisia suficiente para responder às sacramentais perguntas de 'La Palice' das entrevistas de emprego do género "Quem és tu?" e "Onde te vês daqui a três anos". Estás condenado se tens as 'hard skills' necessárias para desenvolver o teu trabalho mas não consegues vender areia no deserto. Porque hoje ou és um animal ou estás lixado.

15 fevereiro 2011

Isto revolta-me

O Young Channel foi feito a pensar neles e só neles

O que me revolta realmente nestas empresas que se dedicam aos jovens, que se vangloriam por criar boas ideias para os jovens e que pretendem ter uma função pedagógica ao lançar temas sérios para jovens é que sejam a verdadeira antítese daquilo que advogam.

São péssimos exemplos para os jovens pois, para eles, só têm o trabalho precário para oferecer. Isto para não falar das empresas que atraem os jovens para "experiências de uma semana", aproveitando-se do trabalho que desenvolvem com afinco para ficarem com o famigerado estágio profissional. No fim dessa "experiência" levam com um "entraremos brevemente em contacto contigo e quase de certeza que ficas". Depois nem sequer se dão ao trabalho de escreverem um e-mail, por muito negativa que seja a resposta.

São empresas que vivem à base de estágios profissionais que depois de terminados, os "abençoados" estagiários levam o "pontapé no rabo", um habituée das relações laborais desta geração (feita de) parva.

São empresas conhecidas na região por esta prática. Fica aqui a ressalva e não são só palminhas para um projecto para jovens que vai sobreviver à custa da desesperada procura pela sobrevivência... dos jovens.

08 fevereiro 2011

Xícara

Porque serão indispensáveis em qualquer boa colecção de música: EP dos Xícara disponível através do site da editora Mdparte ( http://www.mdparte.com/ ) ou através do mail xicara.music@gmail.com .





07 fevereiro 2011

26 anos

Soprar velas traz-me mais pensamentos avaliadores do último ano do que propriamente o histerismo do reveillon. Penso em 2010.

Amor. Apareceu-me do nada, como tudo o que é melhor na vida, veio naturalmente sem ansiedades, sem medos, sem inseguranças, amor puro e simples, transformando-se em tudo o que sempre sonhei para mim.

Margarida. A nossa primeira menina, luz de vida, esperança num mundo maior. Quando ri e nos toca com as mãozinhas muito pequeninas faz apagar tudo e tudo renasce imaculado. É conforto, é confiança, é felicidade. Faz-nos querer ser melhores por ela e para ela.

Casamento. A consagração do amor de duas pessoas é sublime para o par e para quem com eles partilha esse momento, o momento. Felicidade por quem tem tudo o que merece. O brilho do vestido, o sorriso emocionado, os dedos sinceramente entrelaçados, o caminhar pelo vermelho-alegria. Tudo tão belo, tudo tão imaculadamente belo.

Dança. Foi um ano de paixões, ou melhor de descoberta de paixões, daquelas que arrebatam e absorvem, que sugam energias e forças, que frustram e nos disparam como cometas. A fixação em cada movimento do pé: o som seco do arraste do pé no chão de madeira, o subtil roçar dos calcanhares, a elegância do cetim, as cabeças encontradas, as mãos que queimam o olhar, numa intimidade distante. Eu descobri o tango.

Música. Não posso deixar de olhar para o calendário e ver que cada mês teve o seu concerto ou festival: Skunk Anansie, Nouvelle Vague, Festi Angola 2010, Bem Harper, Bons Sons, Avante, Andanças, Paulo Flores, Moonspell, Mariza, Mayra Andrade e o maior dos maiores: Pearl Jam!

(Escrito aos 20 de Dezembro de 2010, meio feito à sorte e às vezes fugindo ao propósito da coisa, sem qualquer ordem de importância porque tudo é mais)