16 dezembro 2009

25 anos

Hoje completo 25 anos de VIDA. A ponta da caneta espera instruções de um cérebro, também ele, à procura de directrizes, de um rumo. À descoberta desta ansiosa Catarina dos sonhos (im)possíveis, próprios e para os outros.

Pensei enumerar uma lista de tudo o que quero, mas resolvi que se calhar não é muito boa ideia. Não vão lá as forças superiores achar que sou ingrata. Por isso, acho que hoje, quando morder a vela não vou desejar mas sim agradecer.

A lista de agradecimentos, essa, é enorme – qual discurso de actrizes histéricas em noite de óscares. Hoje quero principalmente agradecer por estar viva. E por ter uma família, composta por pai, mãe, irmã e irmão, que amo acima de tudo, maior que um sentimento, maior do que as palavras conseguem dizer.

Porque hoje completo 25 anos de VIDA permito-me todas as lamechiches, lugares-comuns e perdoo-me este tom egocêntrico do que escrevo.

Rodam na minha cabeça - como uma bobina de filme antigo onde em cada frame há um amigo - todos os amigos que me deram um pedacinho de si e assim me fui construindo e transformei-me neste jogo de legos que sou, com várias cores e formas.

Ah! este meu múltiplo ser que tanto me complica a vida. Sim, mas já entendi que descomplicando o complicado é como se é feliz.

Hoje queria de presente de aniversário um dia de verão, com um sol imponente no céu da minha cor, que nos faz semicerrar os olhos e ao vermos entre as pestanas, ficamos perante um mundo de circulozinhos de luz... Estão 6ºC e chuva. A vida também não é sempre como queremos que ela seja, pois é? Afinal temos que luta com as armas que temos, sem qualquer espécie de conformidade. Por isso, vou ali apanhar um pouco de chuva na cabeça, aproveito para descomplicar um bocadinho, e já volto!

06 dezembro 2009

A nossa Amália, o nosso Fado, a nossa Arte

Sabem aquelas alturas em que nos sentimos a explodir de orgulho? Neste sábado, 05, foi isso que me andou a fervilhar no peito com o concerto de Tributo a Amália. Orgulho por termos uma forma tão sublime de cantar sentimentos, por termos músicos talentosos e cheios de alma e por ver que temos o futuro da nossa música assegurado com fadistas como a Carminho e o Ricardo Ribeiro. Imagens belas ficaram neste meu baú: o "fado blues" do Rui Veloso, as lágrimas de viver a música, a presença do homem cuja música nos avisou da liberdade, uma casual Casa da Mariquinhas e o quadro vivo de uma deusa do fado.

Tributo por: Mariza, Paulo Carvalho, Rui Veloso, Carminho, Ricardo Ribeiro e Fragmentos.
(louvo igualmente os instrumentistas de guitarra portuguesa, viola e viola baixo, cujos nomes não fixei. Por isso, peço desculpa)

Nicolinas 2009


Foi uma edição fria e muito chuvosa. Este ano não fui uma resistente. Mas tradição é sempre tradição e a nossa é a melhor do mundo.

Onde está a luz?

À medida que o Outono se precipita para o Inverno vou vivendo cada vez mais de noite até que cheguei ao ponto de me sentir num breu completo. Acordo de noite e deito-me de noite. E durante o resto do dia – apesar de haver uma luz cinzenta – parece ser sempre noite. Por não haver luz, as pessoas também não têm luz. Só reflectem o nada. São anónimas e baças.

Eu também me sinto parte dessa massa compacta, alheia ao passar dos dias mascarados de noite. Vejo-me a mim igual à pessoa que vai à minha frente e à outra e à outra a seguir. Estou rodeada de espelhos que me reflectem e eu sou apenas mais um espelho que reflecte todos os outros. Todos iguais, ninguém diferente, agimos sempre sobre uma realidade automatizada que se desenrola segundo um procedimento pré-definido.


Porto/Guimarães, 02 de Dezembro de 2009

in: Os Diários no Comboio