06 novembro 2007

Histórias de Amor



Decidi começar a expor agora na minha Tendinha as histórias de amor que vou ouvindo por aí. Num mundo aparentemente cheio de desilusões e maus karmas, quero abrir aqui um espaço de optimismo. Para ler com um véu cor-de-rosa sobre os olhos. Se quiser, empresto-lhe o meu...

Com os joviais 20 anos de idade, um rapaz de olhos verdes e uma menina de olhos azuis conheceram-se, em meados dos anos 40. Ele era mecânico, ela costureira. Ambos viviam numa cidade alheia às guerras do mundo, eles próprios alheios a essas preocupações também, que só se reflectiam quando o preço dos bens essenciais aumentavam.

A vida corria ligeira, sem sobressaltos. Apaixonaram-se ao primeiro olhar, ao primeiro sorrison escondido à fiscalização dos pais. E, sem nada que os impedisse, condição social ou estatuto económico, casaram-se, tiveram 12 filhos numa pequena casa de três quartos, onde a comida nunca faltou e o amor preenchia tudo que a vida os privava. Ouviam discos do Zeca Afonso às escondidas, mas à noite não falhavam a oração quando rezavam o rosário do dia.

Esses doze filhos geraram 25 netos e dois bisnetos. Foram 53 anos em que um era o mundo do outro, com as complicações do dia-a-dia, mas uma vida simples, sem intrigas nem desconfianças. Até o dia em que essa menina morreu com 73 anos de idade. O rapaz faleceu dois anos mais tarde, sucumbiu às saudades do seu mundo, que os filhos e os netos não conseguiram compensar. Morreu, dizem, por amor. Esse rapaz era o meu avô Joaquim e a menina dos olhos azuis era a minha avó, Dores.

E aqui presto a minha simples, mas sentida de todo o coração, homenagem à mais bela história de amor que conheci.

1 comentário:

Anónimo disse...

oh que comovente...uma história de vida como já não se ouve falar...infelizmente o amor de hoje em dia é tão 'prático', tão conveniente! ADOREI kizzzooooo