(Artigo de opinião publicado no Cifrão de 20.07.07)
A paranóia da fraude tomou conta da CV Móvel e isso reflecte-se no dia-a-dia dos seus clientes, que, desafortunados, não têm outra operadora à qual recorrer quando estão insatisfeitos com os serviços prestados.
Tudo começou em Março deste ano quando uns quantos espertinhos decidiram defraudar uma das maiores empresas cabo-verdianas. A CV Móvel não gostou nada da brincadeira (que alguns na altura chamaram de “justiça popular” por fazer com que a empresa pagasse pelos preços escandalosos que pratica) e apertou a segurança das operações.
A fraude provocou uma baixa de quatro mil contos nos cofres da CV Móvel mas quem paga agora a factura é a paciência dos utentes. Meses depois ainda há caixas da Rede24 que emitem dos cupões antigos. Resultado? Números de série inválidos, que obrigam o cliente a deslocar-se a um posto da CV Móvel para resolver o problema. E ainda por cima são exigentes, porque a questão não pode ser solucionada numa loja qualquer mas sim na sede da empresa, que no caso da Praia, fica na Várzea.
Chegando lá, tem que se fazer uma cópia do mal fadado cupão, mandá-la por fax, depois ela é verificada pelo SISP e, detectada a eventual fraude ou não, emite-se um novo número de série para ser carregado no cartão do cliente. Isto acontece, se entretanto, o utente não tiver que se deslocar à sede da empresa outra vez, no dia seguinte, para reclamar que afinal ainda não recebeu o dinheiro porque o fax que mandaram para o SISP estava irreconhecível. A saga termina quando uma voz simpática telefona e questiona se pode fazer o carregamento (ainda pergunta?). Minutos mais tarde lá recebe a desejada mensagem a avisar da recarga efectuada.
Horas e horas perdidas por causa de 1000 escudos e a desculpa adivinha-se: “é por causa da tal fraude que aconteceu há uns meses”. A CV Móvel esquece-se de uma das regras de ouro do mundo dos negócios - tempo é dinheiro. E o cliente, que tem sempre mais o que fazer à vida do que perder tempo com as paranóias da CV Móvel, efectua os seus cálculos: ou bem desperdiça umas horas para solucionar uma questão de mil escudos ou então esquece o caso, porque não tem disponibilidade para o resolver e o dinheiro fica a arder na conta bancária.
Mas este “saque” ao bolso dos clientes - se nos guiarmos sempre pelo princípio que tempo é dinheiro - não fica por aqui. Dou o exemplo de um estrangeiro que chega a Cabo Verde e quer fazer um contrato. “Processo simples”, pensa ele, pois vem de um sítio onde os cartões de telemóvel compram-se nos quiosques e não há papeladas nem burocracias nessa aquisição. Mas, afinal, não. Tem que assinar uma série de papeis, mostrar o passaporte, enfrentar uma fila interminável para fazer o contrato, outra igualmente longa para pagar esse contrato e, extenuado, finalmente consegue o número de telemóvel cabo-verdiano. Pergunta porquê e respondem-lhe: “é por causa de uma fraude que aconteceu há uns meses”.
Nesta altura, já nem se quer lembrar dos preços do serviço móvel praticados no estrangeiro. Para além da conta do telemóvel ser bem mais leve no final do mês, lembra com saudade a variedade de tarifários, em que havia sempre um adequado às suas necessidades. Recorda, nostálgico, que quando não estava satisfeito com a sua operadora, sempre havia outra que lhe piscava o olho e seduzia-o com um serviço melhor. E é aqui que suspira: “Ai, a falta que a concorrência faz!”.
Por: Catarina Abreu
23 julho 2007
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