02 outubro 2009

Os extra-terrestres humanos

Foi com muita reticência que assisti a este filme. O nome – District 9 - e o ‘trailer’, que anunciava um filme com efeitos especiais vários e avançadíssimos (um deleite para os apreciadores do género) e ‘aliens’ verdes a espirrar líquidos pretos, em nada me apelavam. Ok, o som, a super-produção que está por trás e as cabecinhas todas que pensaram o filme merecem todo o meu respeito e valor, mas ele não é, simplesmente, “a minha praia”.

Mas, enfim, convidaram-me para ir ao cinema e eu fui. Afinal, também já me tinham lançado o ‘bichinho’ sobre o filme quando alguns amigos meus comentaram comigo toda a estranheza que sentiram ao vê-lo, sem saberem lá muito bem se gostaram ou não. Então decidi tirar dúvidas.

A verdade é que me abstraí totalmente da parte da ficção científica e dos efeitos especiais (que em alguns filmes, confesso, chegam a roçar, em mim, a irritação) e vi ali uma história com um cariz social muito forte. É que os ‘aliens’ do District 9 são bastante humanos. Mais humanos que os próprios humanos.

No filme, a raça humana faz aquilo que a mais caracteriza ao longo dos séculos: maltratar aquilo que para ela é estranho. O que está aqui representado é o ímpeto destrutivo do ser humano. Foi a primeira vez na minha vida que vi a eterna dicotomia ficcional humano vs. ‘aliens’ trocada: os humanos eram os vilões e os ‘aliens’ os bons da fita (vá, mais ou menos bonzinhos…). Aqueles seres grandes, verdes e viscosos - apesar do aspecto repulsivo que tinham - eram quem suscitava no espectador empatia, eram a “facção” do filme para quem eu torcia que tudo desse certo!

De uma forma completamente surrealista (mas não creio que na eventualidade de acontecer um fenómeno destes, os acontecimento relatados no filme fossam irreais), os ‘aliens’ aterram na cidade de Joanesburgo, na África do Sul, e são alvo de um ‘apharteid’. Tal como aconteceu durante décadas naquele país, assiste-se a uma separação de raças, mas desta feita entre humanos e ‘aliens’: há os parques infantis para crianças e os ‘baby aliens’, há as casas de banho para humanos e ‘aliens’ e por aí adiante…

Outra coisa que dá grande força ao filme é o estilo documentário com que foi gravado, o que faz o espectador abstrair-se ainda mais dos tais efeitos especiais megalómanos, da enorme nave mãe cinzenta e taciturna, do sangue a esguichar e cabeças a explodir… Os ‘ghettos’ surreais dos ‘aliens’ são semelhantes aos ‘ghettos’ que hoje vemos pelos subúrbios de uma qualquer grande metrópole.

E depois do District 9 – uma versão alienígena dos campos de refugiados do Darfur, com a mesma violência, incúria das autoridades internacionais e corporativas e flagelos sociais como o tráfico de armas e mulheres -, surge o District 10. A fictícia MNU (cujos oficiais andam em blindados brancos e usam bonés azuis bebé, bem ao estilo de uma bem realista mega organização internacional) constrói o 10, na esperança de controlar a “praga”. De 1,8 milhões de ‘aliens’ que habitam no district 9, no 10, eles já são 2,5 milhões… “So much” para o controlo da propagação da espécie.
Saí do cinema e vim a matutar no filme pelo caminho. Hoje, quando acordei, foi uma das coisas em que pensei. E neste momento motiva-me a escrever sobre ele para o blog. Poucos filmes têm este efeito em mim. Por isso, valeu a pena e “toma lá p’ra aprenderes, Ana Catarina”, a ver se pr’a próxima não negas à partida um filme que não conheces!

1 comentário:

Debbie disse...

I'm glad u liked it!!! mi tb antis din bai odja kel filme npensaba ma nca ta gostaba pamo tb npensaba ma ta speba parecido ku kes otos filmes di aliens.... masssss, gostei!!!! :)
Beijossssssssss