26 janeiro 2010

Vencer na vida

Questiono o que significa o sucesso:

Não gosto que exijam de mim que tenha um carro, que esteja refém da prestação de uma casa, nem que me queiram nas férias deitada ao sol em destinos de pulseirinha turística.

Não gosto que me queiram competitiva, a lutar por algo em que não acredito nem que me tentem impor ideais do dinheiro e da hipócrita ascensão social.

Não gosto que achem obrigatória em mim a aspiração natural a um posto de chefia para veicular diferenças de poder como forma de afirmação pessoal.

O ser humano metamorfoseia-se: o poder nas mãos penetra-lhe na pele, toma-lhe as vísceras, sobe-lhe à cabeça, domina-lhe o coração e – finalmente – transforma-lhe a personalidade. Raras excepções, a pessoa que é subalterna num dia não se mantém a mesma quando chefe amanhã.

A vida agora traça-se por objectivos e agendas e não por sonhos…

Não quero nada disto para mim. Esses são as vossas metas, não as minhas. Nem tão pouco admito que por não almejar aos vossos objectivos me venham dizer que não vou vencer na vida.

5 comentários:

Unknown disse...

Sinceramente, e por te conhecer muito bem neste aspecto, desde há muito te acho uma vencedora.

E precisamente por essa postura inversa, pela naturalidade com que simplesmente "estás" e não te sentes obrigada a almejar coisa alguma.

Na vida já tu venceste, a ambição e o materialismo não mais são do que coisas que nos reduzem.

É mais saudável planear jantaradas e copos, pouco sentido faz desejar mais do que uma vida que nos dê um nível de conforto/segurança superior às nossas necessidades.

A mim, ser feliz chega. Sei que a ti também. :)

Beijoca!

Catarina disse...

adoro-te!

silvia disse...

Concordo com o senhor Bruno em tudo o que disse. O triste disto tudo é haver cada vez menos gente que pense como nós.

Quando a necessidade de algumas pessoas comprarem coisas que nunca tiveram na vida porque os pais nunca quiseram/puderam dar e acharem que isso é felicidade, cegam e deixam de ver o que realmente importa. Jantaradas?copos? achas que isso importa? conhecer gente nova? puff "Eu não. Tou muito confortavel em casa a ver filmes na minha televisao panoramica topo de gama."

Quando as pessoas que trabalharam arduamente e que chegam a patroes, sim, sobem lhes o poder à cabeça, esquecem se de que ja tiveram na outra situaçao, esquecem se do que custa, esquecem se de tudo.

Para mim também és uma vencedora, acho que já ganhaste tanta coisa nestes teus 25 anos e se és feliz não deixes que nada te engula a tua felicidade, porque não és tu que estas a perder, acredita.

Estou a escrever isto com uma dorzita de cabeça, nem tenho muito raciocinio, mas sabes como é noite de copos faz isto,tive essa necessidade ontem. Chama me infeliz ahahahah. Já que nao posso comprar um carro, olha vou comprando umas cervejitas,são baratas e tal. Ontem fui feliz, hoje estou feliz com uma dor de cabeça.

Luv u u u u u u u

Beijo

paulinha disse...

Li o teu post no intervalo do jogo de ontem. Pareceu-me assustador o timming das tuas palavras. Passo a explicar: estava sentada a presenciar as lamúrias daqueles colegas, colaboradores como eu, sobre como a zona de imprensa estava cheia na semana passada por lá ter ido o Sporting e hoje (ontem) meia despida (jogo com o Fátima). Apeteceu-me mandar-lhes um berro e recordar-lhes que na semana passada não tinham sitio de jeito pra se sentarem porque os "senhores" dos órgãos importantes estavam em peso e com ar de mandões... Recordar-lhes que na semana passada ninguém se lembrou de consolar o Silas e o Maciel por terem feito operação porque só importava apanhar o "grande" Liedson para falar da coça que levou ou recebeu do Sá Pinto... Porque isso é que são histórias grandes e clubes importantes... Limitei-me a encolher os ombros. Às vezes penso que é impossível explicar a palavra "felicidade" a quem não conhece o termo "simplicidade".

Sobre o jogo, nada mais... Foi uma coincidência feliz, por ser simples, e que me fez sorrir e suspirar de alívio por te ver como és.

Mas este post lembra-me uma coisa que ouvi numa palestra sobre as comunidades portuguesas espalhadas no mundo há uns 3 anos. Era qualquer coisa assim: Porque é que havemos de só considerar que teve sucesso o grande empresário ou investigador português que se estabeleceu e enriqueceu lá fora? E a Dona Maria que foi para lá para melhorar de vida, constituir família e voltar com uns trocos... Ela limpa casas, tem dois ou três empregos e ainda fala mal o inglês, mas está a construir uma casa na terrinha cheia de azulejos pra onde quer voltar quando for avó só para ser feliz...

Não me expliquei muito bem, mas isto tem somente a ver com vencedores ou com conceito de vencedores...

Beijinho para uma das minhas vencedoras preferidas!

paulinha

silvia disse...

"tenho um telemóvel topo de gama
mas ninguém me liga
mas ninguém me chama

tenho um automóvel cor azul índigo
ninguém quer boleia
ninguém vem comigo

tenho um apartamento virado para o mar
ninguém bate à porta
ninguém vem jantar

será que sou feio será que sou chato
será que vou dar em bicho do mato
será que sou giro mas giro ao contrário
será que estou preso dentro de um armário
não estás não senhor
apenas agora ficaste de fora
das contas do amor

tenho as medidas de um manequim
a beleza certa
ninguém dá por mim

tenho um bom emprego muito produtivo
até vale tirar olhos
é tão competitivo

tenho um consultório com um bom divã
onde deito a alma
e conto à mamã

será que sou feio será que sou chato
será que vou dar em bicho do mato
será que sou giro mas giro ao contrário
será que estou preso dentro de um armário
não estás não senhor
apenas agora ficaste de fora
das contas do amor"

A música dos Clã que te falei. Beijo