À medida que o Outono se precipita para o Inverno vou vivendo cada vez mais de noite até que cheguei ao ponto de me sentir num breu completo. Acordo de noite e deito-me de noite. E durante o resto do dia – apesar de haver uma luz cinzenta – parece ser sempre noite. Por não haver luz, as pessoas também não têm luz. Só reflectem o nada. São anónimas e baças.
Eu também me sinto parte dessa massa compacta, alheia ao passar dos dias mascarados de noite. Vejo-me a mim igual à pessoa que vai à minha frente e à outra e à outra a seguir. Estou rodeada de espelhos que me reflectem e eu sou apenas mais um espelho que reflecte todos os outros. Todos iguais, ninguém diferente, agimos sempre sobre uma realidade automatizada que se desenrola segundo um procedimento pré-definido.
Porto/Guimarães, 02 de Dezembro de 2009
in: Os Diários no Comboio
06 dezembro 2009
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