11 maio 2009

A nossa Santiago

Parque em Santiago de Compostela baptizado com o nome de Zeca Afonso


Uma centena de pessoas participou hoje no "baptizado" de um parque em Santiago de Compostela com o nome de Zeca Afonso, numa homenagem marcada pela emoção e pelas críticas à "pouca atenção" que Portugal dedica ao cantor.

O momento de maior emoção aconteceu quando todos os presentes, onde se incluía a viúva do cantor, Zélia Afonso, cantaram, em galego e em português, "Grândola, Vila Morena".No final, e com os olhos a brilhar de emoção, Zélia Afonso confessou-se sem palavras para descrever o que sentia naquele momento. "Não sei dizer, não sei dizer", referiu apenas, depois de alguns momentos de silêncio.

A homenagem de hoje foi promovida por um grupo de admiradores de Zeca Afonso, no dia em que se assinalam 37 anos de um concerto que o cantor português deu em Santiago de Compostela e em que marcou a estreia de "Grândola, Vila Morena". O Parque José (Zeca) Afonso situa-se a poucos metros do local onde decorreu esse histórico concerto.

Admirador de Zeca Afonso, José Israel deslocou-se propositadamente de Aveiro, com mais três amigos, para assistir a esta homenagem. Empunhava um cartaz com a imagem do cantor de um lado e, no outro, os dizeres "Zeca Afonso, orgulho de Portugal e do mundo". "Basta ouvi-lo para me sentir bem. É fabuloso", referiu José Israel, para imediatamente criticar a "falta deste tipo de coisas" em Portugal. "Em Portugal, não se dá a devida atenção ao Zeca, devia-se fazer mais pelo Zeca em Portugal", atirava.

Uma crítica partilhada pelo director da Companhia de Dança de Lisboa, José Manuel Oliveira, que apontou o dedo à televisão portuguesa. "Zeca Afonso foi um dos maiores trovadores do mundo, mas é muito maltratado em Portugal. A televisão portuguesa, por exemplo, cinicamente, passa no 25 de Abril, às duas da manhã, uns documentários sobre Zeca Afonso, que já foram vistos várias vezes, só para não se dizer que não fez nada", referiu.

A homenagem contou também com a presença do mágico Luís de Matos, que realçou a "magia" que emana da obra de Zeca Afonso. Manuel Lopes, natural da Galiza e também "fã incondicional" do autor de "Grândola, Vila Morena", referiu-se a Zeca Afonso como "um cantor galego, assumido por uma boa parte da população da Galiza".

Também da Galiza e um dos mentores desta homenagem, Arturo Reguera sublinhou que Zeca Afonso "é muito conhecido na Galiza", pelo que, quando em 2006 se avançou com a proposta de atribuição do nome do cantor a um espaço público de Santiago de Compostela, "todo o mundo concordou". Quem concordou "imediatamente" foi o alcaide de Santiago de Compostela, Xosé Sanchez Bugallo, ou não tivesse sido ele próprio um dos organizadores do concerto de Zeca Afonso, em 1972, naquela cidade. Hoje, Sanchez Bugallo cantou "Grândola, Vila Morena", de braço dado com a viúva de Zeca Afonso e, no final, não escondeu a emoção que sentiu.

"De repente, senti-me regressar há quase 40 anos atrás, quando, numa altura em que em Espanha se viviam tempos difíceis, de ditadura, Zeca Afonso aqui cantou aquela canção que apenas dois anos mais tarde se haveria de tornar símbolo da revolução dos cravos em Portugal", referiu.

in: Lusa

*Foto: O meu 25 de Abril mais intensamente vivido.

07 maio 2009

Movimento “Não julguemos ninguém”!

A mulher que ama e, depois de deixada – e até humilhada –, continua a amar

A mulher que é traída e mesmo assim continua a aceitar

A mulher que luta entre duas almas

A mulher que inventa desculpas para ela própria

A mulher que depende mas não admite e a que depende e admite

A mulher que ama demais, mais do que a ela própria

A mulher que é fraca, que não encontra a força de vontade

A mulher que não se liberta dos ciclos viciosos em que está inserida

A mulher que é agredida e cala

A mulher que trai e não resiste

A mulher que precisa de refúgios em braços incompreensíveis

A mulher que sente e não consente…



Muitas destas situações acontecem, não as entendemos em toda a sua dimensão e mesmo assim dizemos as nossas sábias opiniões, os nossos julgamentos, os nossos “se fosse a mim…”. É tão fácil, porque afinal não é connosco! Vamos parar de julgar, olhar para dentro, a nossa podridão. Dar força e não palpites…